3. Onça
pintada escolhe reserva no Pantanal para reprodução
27/07/2014 08h45 - Atualizado em 29/07/2014 11h09
LINK PARA ASSISTIR O VÍDEO DIRETO DO SITE DO G1
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Proibição de caça e fiscalização
fizeram as onças se multiplicarem.
Globo Rural mostra série sobre o rio e histórias que atravessam séculos.
José Hamilton Ribeiro e Eunice Ramos Do Globo Natureza, com
informações do Globo Rural
A onça pintada é o assunto principal da reportagem
da série sobre o Rio Paraguai. O Globo Rural percorreu o rio desde as
nascentes em Mato Grosso até a foz, no Rio Paraná. Um dos lugares conhecidos
foi a Reserva Taiamã, que fica no Pantanal e onde foi possível registrar o
momento de acasalamento da onça.
A viagem de barco pelo Rio Paraguai começa no
coração do Pantanal. Partindo de Cáceres, a distância de barco até a divisa com
Mato Grosso do Sul é de cerca de 350 quilômetros. Após o trecho de planalto, em
que as águas são um pouco mais rápidas, o rio caminha vagarosamente quando
chega à planície pantaneira. As águas lentas do Rio Paraguai se devem à pequena
declividade do terreno, de três centímetros por quilômetro.
A Estação Ecológica Taiamã, um lugar conservado e
com nome de um pássaro do Pantanal, foi criada em 1981 para proteger 11,5 mil
hectares de natureza exuberante do lugar. Esse é um refúgio para pássaros,
répteis e mamíferos como a onça pintada. De acordo com o biólogo Daniel Kantek,
já foram identificadas 27 onças no local.
Na região em volta da reserva foi possível
registrar o momento incrível das queixadas atravessando o Rio Paraguai em fila,
um grupo composto por uma família inteira. Tinha marrã, porca parida, goiaca
varrão e filhotama, todos entretidos na travessia.
Gaúcho de origem alemã, Cícero Kurtz participa
diretamente de dois momentos de mudanças na beira do Rio Paraguai: a criação da
profissão guia de turismo para avistamento de onça e da abertura de uma nova
forma de fotografar e filmar onça. Antes, bastava uma imagem da onça. Hoje em
dia, é preciso que o animal esteja expondo algum comportamento.
Em uma cena rara, a equipe de Kurtz conseguiu
registrar o momento das onças cruzando. Nem mesmo o converseiro do pessoal no
barco tirou a concentração dos animais. No fim, entre cansada e satisfeita, a
fêmea vai dormir em um galho da figueira. O macho se escondeu no mato. Um casal
de onça pode cruzar até 80 vezes em um dia. A prenhes demora cerca de cem dias
e nasce uma média de dois filhotes.
Com a proibição da caça e uma fiscalização mais
presente, as onças se multiplicaram na região. Onça come capivara, come cateto,
jacaré e ave. Ser humano não faz parte da dieta da onça. No entanto, na região
foram registrados dois ataques de onça, com um mortal.
Um dos casos foi a morte do Alex, de 21 anos. O
rapaz e o pai iam sempre a um ponto do rio para pegar isca de pescaria para
vender. Como o lugar é de onça, eles trabalhavam sempre em dupla. Uma noite, o
pai foi ao rio atrás de isca e o rapaz ficou dormindo no acampamento. Quando o
pai voltou, a onça estava com o rapaz. Outra vítima, que escapou do ataque com
a ajuda de um cão, ganhou o apelido: Beto Resto de Onça.
Na verdade, em muitas ocasiões, o turismo de
observação tem trilhado um caminho perigoso para o homem e para a onça. Um
vídeo amador documenta a imprudência acima de todos os limites.
Na divisa de Mato Grosso com Mato Grosso do Sul, um
grupo de pescadores avista uma onça fêmea e encosta o barco na margem. Para
conseguir uma imagem melhor, os homens jogam peixe para onça se aproximar. De
repente, houve um susto. Era um casal, macho e fêmea, a poucos metros de
distância do grupo. A onça vem em direção ao grupo e os pescadores dão risada.
Outro exemplo de imprudência é momento em que um pescador resolve limpar o mato
para filmar melhor. O macho vem novamente atrás dos peixes e outro susto. No
final, os pescadores tiveram muita sorte de sair vivos.
Por mais que estejam se acostumando à presença
humana, as onças não deixam de ser animais selvagens. Fazer aproximação sem
guia profissional e sem cuidado é expor a onça e as pessoas a um risco muito
alto.
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