REGIÃO DO MATO GROSSO DO SUL - INVASÃO - AS TROPAS BRASILEIRAS - RETIRADA DA LAGUNA - FINAL DA GUERRA - RECONSTRUÇÃO *150 anos 1864-2014 início do conflito e 150 anos da Retirada da Laguna 1867-2017*
GUERRA DO PARAGUAI
CAMPANHA DE MATO GROSSO - "A RETIRADA DA LAGUNA"
ABORDAGENS:
FILME MUDO
TÍTULO: ALMA DO BRASIL
REGIÃO SUDOESTE DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
ÚNICO FILME PRODUZIDO ATÉ OS DIAS DE HOJE
ALMA DO BRASIL
Outras remetências de título:
RETIRADA DA LAGUNA
Categorias
Longa-metragem / Silencioso
Material original
35mm, BP, 52min34seg, 1.442m, 16q, Vitaphone
Data e local de produção Ano: 1932 País: BR Cidade: Campo Grande Estado: MS
Certificados
Censurado entre 01 e 15.06.1932
Data e local de lançamento Exibição especial: 1932.07.19 Local exibição especial: Rio de Janeiro Sala(s): Broadway
Circuito exibidor
Exibido no Rio de Janeiro a 06.08.1932, no Eldorado.
Exibido em São Paulo de 13 a 17 e a 19.02.1933, no Santa Helena; a 14.03, no São José; a 17 e a 21 e 22.03 no Oberdan; a 10.04 no São Pedro e a 06.09.1933 no Glória.
Exibido em Lisboa, Portugal, a 26.01.1933 na sala Ginásio e a 02.12.1933 no Politeama.
Exibido em Manaus a 17.07.1935 na sala Politeama.
Exibido em Belo Horizonte a 16.06.1984, na sala Humberto Mauro, na Mostra de Filmes Recuperados
Sinopse
A paisagem de Mato Grosso é palco para a reconstituição do episódio conhecido como Retirada de Laguna. São lagos, quedas d'água, espécies de animais e a vegetação típica do Pantanal que contrastam com exercícios realizados na cidade por militares. Manobras de oficiais dão início à visita ao túmulo do Cel. Carlos de Morais Camisão. Caminhões oficiais atravessam caminhos de difícil acesso. Os oficiais chegam até o cemitério, onde estão enterradas pessoas envolvidas no episódio, chegam até um monumento para prestar sua homenagem, um túmulo onde está inscrito o ano de 1867. Durante a visita abre-se espaço para a reconstrução dos fatos ocorridos naquele ano, quando o Guia Lopes indicava os caminhos para os retirantes, levando-os para Nioac, lugar que é uma promessa de descanso. Na caminhada, muitos estão doentes e se "arrastam" fugindo. Um deles, um senhor branco, cai de cansaço e pede ajuda para um homem negro, que promete não abandoná-lo. Em rumo incerto os retirantes continuam a caminhada, quando o exército paraguaio coloca fogo na mata cercando os retirantes em uma vila. Mulheres que lá descansam correm do fogo. Uma criança é deixada dentro de uma casa, e sua mãe do lado de fora não consegue voltar impedida pela multidão que foge. Todas as casas são de palha e o fogo as consome rapidamente. Desesperada, a mãe tenta voltar. O comandante se vê no compromisso de buscar a criança e entra na casa salvando-a. A mãe a recebe chorando e agradece ao comandante. No dia 26 de maio de 1867, a coluna de retirantes está em Cambarecê próximo ao Rio Miranda. Cel. Camisão avisa ao comandante que os coléricos seriam abandonados para que os demais pudessem sobreviver. Uma faixa é deixada com os dizeres Compaixão aos Coléricos. Os soldados paraguaios matam todos os doentes que já agonizavam. A morte dos retirantes vai acontecendo um a um, causada pela fome e pela cólera. Cel. Camisão também contrai a doença e morre. No túmulo do coronel, os oficiais que prestam homenagem retornam à cidade e ao quartel. Neste, o evento continua com oficiais cantando junto a orquestra militar.
Gênero
Drama
Termos descritores
História
Descritores secundários
Guerra do Paraguai; Exército; PY; Batalhão de Cavalaria - Força Pública, 2; Desfile
Direção Direção: Luxardo, Líbero Assistência de direção: Pereira, Waldir dos Santos
Fotografia Operador: Wulfes, Alexandre
Montagem Montagem: Luxardo, Líbero
Música Música: Jorge, Bichara
Locação: Nioaque - MS; Jardim - localidade; Bela Vista - localidade; Campo Grande - MS Identidades/elenco:
Luxardo, Líbero (Coronel Camisão)
Ribas, Antonio (Capitão Lago)
Souza, Octaviano (Dr. Gesteira)
Xavier, Francisco (Guia Lopes)
Milton, João (Ordenança Salvador)
Souza, Daniel de (Oficial)
Adolfo, Egon (Médico)
Ferreira, Conceição (Mulher)
Almeida, Sátiro de
Candido, Antonio (Mascote)
Amaral, Amadeu (Cabo Amaral)
Oliveira, B. (Compadre)
Cabo Calixto Medeiros sobrevivente morte no Cambarece (MG)da
Limites Rio Apa e Rio Paraguai
***///***
Disputa pelo Rio Paraguai motivou guerra entre brasileiros e paraguaios.
Conflito foi o mais sangrento entre países sul-americanos. Em quase seis anos, cerca de 50 mil brasileiros e 300 mil paraguaios morreram.
José Hamilton Ribeiro e Eunice Ramos
Do Globo Natureza, com informações do Globo Rural
ito se tornam mais presentes. A Guerra do Paraguai começou há 150 anos. Em quase seis anos, morreram entre 50 e 60 mil brasileiros – ou nas batalhas ou de doença. Do lado paraguaio, os números são mais espantosos: 300 mil mortos.
Foi pelas águas do Rio Paraguai, na região de Corumbá, que começou a invasão paraguaia, em 1864. A guerra durou mais de cinco anos e se tornou o mais sangrento conflito entre países sul-americanos. De um lado estava a chamada tríplice aliança, formada por Brasil, Argentina e Uruguai. De outro, o Paraguai. O motivo central do conflito era a liberdade de navegação pelo Rio Paraguai.
Os paraguaios chegaram a Corumbá pelo rio e tomaram a cidade. A guarnição militar bateu em retirada e a população se escondeu onde pôde. O escritor Hildebrando Campestrini, presidente do Instituto Histórico do Mato Grosso do Sul e um estudioso deste conflito, explica: “Os paraguaios chegam, saqueiam tudo o que tem valor e mandam para Assunção. O que é de menos valor é distribuído entre eles. Os homens foram presos e mandados para o Paraguai e as mulheres sofreram todos os abusos de uma guerra”.
A cerca de 100 quilômetros de Corumbá, rio abaixo, fica o Forte Coimbra, erguido pelos portugueses em 1775. Ele foi invadido logo no começo da guerra e ficou em poder dos paraguaios por três anos. “A esquadra paraguaia se aproximou subindo o rio e a guarnição foi avisada, na verdade, por um indígena, que observara essas esquadras subindo o rio e a guarnição já se posicionou. O Brasil cedeu, porque eram 2300 homens contra 200 pessoas que havia aqui no forte. Quando terminada a munição e terminados os mantimentos, o comandante à época decidiu evacuar o forte para que não houvesse aqui um massacre”, explica o major Cavalcante, comandante do Forte Coimbra.
Em Mato Grosso do Sul, o Rio Paraguai só passa por dois municípios: Corumbá e Porto Murtinho, onde nas ruas da cidade estão casarões antigos, monumentos homenageando os índios que viviam na região e uma referência à natureza e ao tuiuiú, a ave símbolo do Pantanal.
No século XIX, a região viveu momento de riqueza levada pelo comércio da erva-mate, uma planta nativa. A exportação para a Europa e Estados Unidos era feita pelo porto Murtinho, no Rio Paraguai.
Com o declínio do comércio da erva-mate, outros produtos ganharam destaque, como o charque e o tanino, extraído de algumas espécies de árvores. O produto, usado no processo de curtimento de couro e na fabricação de tintas e roupas, era exportado principalmente para países da Ruropa. Atualmente, a maior fonte de renda do município é o turismo da pesca e de natureza.
Em Bela Vista, no Mato Grosso do Sul, está o Rio Apa, o último afluente do Rio Paraguai em terras brasileiras. Foi na outra margem do rio, já é solo paraguaio, que começou a ação militar do Brasil contra a invasão de Mato Grosso. Uma coluna do exército brasileiro atravessou o Apa e foi atacar Laguna.
O resultado dessa invasão foi um desastre e, pelo menos, 2300 brasileiros morreram na fuga, de fome, de cólera ou abatidos pelo inimigo. “A retirada da Laguna teve um objetivo simbólico muito importante: invadir em retorno um país que nos tinha invadido. Teve também um objetivo logístico, já que eles tinham notícias de que no retiro de uma fazenda próxima havia uma grande quantidade de gado, que era o alimento consumido naquela época”, explica o coronel Francisco Mineiro, estudioso da história militar.
A coluna chegou ao Paraguai com 1680 combatentes, embora arrastasse, como era comum naquela época, cerca de cinco mil pessoas entre os familiares dos militares, negociantes, mascates, fornecedores, ferreiros e mulheres, as chamadas vivandeiras, que prestavam todo tipo de serviço para os militares e eram remuneradas por isso.
“A invasão não deu certo porque à medida que a coluna camisão se aproximava, os paraguaios retiraram todo o gado mais para o lado de Conceição e a tropa ficou sem alimentação”, relata o historiador Hildebrando Campestrini.
No lugar chamado de Cambaracê, aconteceu um dos episódios mais tenebrosos da guerra do Paraguai. A coluna do exército brasileiro que invadiu o país e foi até Laguna teve que bater em retirada. Perseguida por soldados inimigos, a tropa, para andar mais rápido, abandonou no local mais de 100 doentes e feridos, que foram mortos pelos paraguaios a facão. Entre os abandonados, não havia nenhum oficial, só praças. Suspeita-se que a maioria era de negros, daí a expressão paraguaia, Cambaracê, que quer dizer: lugar onde o negro chorou.
O episódio produziu um herói diferente na guerra do Paraguai. Deixado para morrer em Cambaracê, um mineiro se amoitou entre os corpos dos companheiros e escapou. O cabo Calixto Medeiros tinha recebido um tiro na cabeça e não se sabe se ele estava com cólera.
O sobrevivente esperou, escondido entre os mortos, que os paraguaios fossem dormir e, engatinhando, foi até uma árvore onde estava amarrado um cavalo paraguaio, montou e saiu passo a passo. “Ele tinha o espírito de guerra, um patriota, tanto é que ele incorporou-se novamente à coluna, alcançou a coluna e continuou participando da guerra”, explica o jornalista e historiador Pedro Popó.